Causas e Consequências

Escrito de uma forma casual e informal, “Causas e Consequências” chega para encerrar esse ciclo na vida do Diogo e da Bruna.
Seja bem vindo ao último livro da Série Destino.

Depois de anos de sofrimento e perseguição, uma página é definitivamente virada.
Depois de anos de amor e uma luta constante em busca da felicidade plena, Diogo, Bruna e a sua família se sentirão realmente em paz.
Cada um tem que arcar as consequências de seus atos.
Eles, juntamente com seus filhos, amigos e família, avançam, vivem, sofrem e superam.
Apaixone-se pela última parte dessa linda estória de amor.

Ordem de publicação da Série Destino
Vol. 1 – Destino
Vol. 2 – A Superação
Vol. 3 – Força
Vol. 4 – Caminhos
Vol. 5 – Renascer
Vol. 6 – Causas e Consequências
Série Destino By Diogo (É a série contada na visão do personagem Diogo)
Vol. 1 – O Despertar
Vol. 2 – Ilusão
Vol. 3 – Desafios
Em breve os próximos volumes na visão do Diogo.

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Leia agora o início de Causas e Consequências.

Oi.

Nessa fase da minha vida pude perceber que as escolhas de cada um nem sempre afetam só a sua própria vida, mas a de todos em volta.
Pensei realmente que tudo estava perdido, mas a esperança estava sempre lá para segurar a nossa mão e deixar que o destino nos guiasse.
Foi difícil para o D, quase insuportável para mim, mas estávamos juntos, era o que importava. Ele não me deixava esmorecer e desistir, eu não o deixava mergulhar na depressão.
Aprendi mais uma vez que as consequências dos nossos atos se refletem na nossa vida, não dá para fugir.
Sejam bem vindos a mais essa fase da minha vida.
Sejam fortes, por incrível que possa parecer nós fomos, te garanto.

Bjs.

Bruna Vasconcelos D´Angelo.

O maldito “porque” era a palavra que ecoava na minha cabeça naquele momento. Eram tantos “porquês” que me deixavam tonta, meio fora de órbita e talvez até com aquela sensação de estar num universo paralelo. Era estranho como eu me sentia. Eu não sabia exatamente onde eu estava e muito menos que dia era. Tudo acontecia tão rápido e todos pareciam falar ao mesmo tempo, e eu em câmera lenta olhando aquilo tudo. Era tudo meio confuso, parecia um pesadelo. Eu estava no meio de um pesadelo.
– Bruna! Olha para mim, amor. – O Diogo me chamava segurando o meu rosto entre as suas mãos e eu não conseguia falar.
– Marcelo? Vem agora para a casa do Diogo. – Ouvi o Nando falando.
– Bruna! B! – O Diogo me chamava.
Eu via nos olhos dele a angústia e na sua voz o desespero, mas no meu coração havia uma tempestade de emoções que me deixava tão confusa que era impossível até para eu poder falar, poder andar, poder respirar.
– D! – Gritei de repente.
– Estou aqui, amor. – Ele disse e me abraçou forte.
– Por que! – Gritei.
– Bruna! – Arfaram e reconheci a voz do Alê.
– Saia de perto! Não toca nela! – O Diogo gritou.
– D? D? Olha para mim. – Pedi segurando o rosto dele.
– Sai daqui! – O Diogo gritou apontando para a porta e segui o seu olhar.
– Bruna...
– Por que ele fez isso comigo? Por que ele deu o meu endereço para ameaçarem os meus filhos? – Perguntei cortando o Alexandre.
– Ele teve que abrir o bico.
– Como assim? – O Diogo quis saber e eu também.
– Torturaram o cara. Sabiam que ele estava lá por ter tentado te matar, sabiam muito bem que eles eram amigos. – O Alexandre contou e me olhou. – Sabiam exatamente como ele era apaixonado por você, amor... Bruna.
– Não sou seu amor. – Murmurei.
– Desculpa. – Ele disse levando as mãos à cabeça. – Reencontrar você e aquele cara agora. Eu também estou confuso com tudo isso, amor. Eu lembrei dele, das vezes que ia à faculdade e fui juntando as coisas também... Ele era seu colega e sempre pareceu gente boa, mas ao ler o processo comecei a ver as coisas que ele aprontou conosco. Ele me dizia coisas a seu respeito e das suas amigas... Ele também tentou armar comigo, mas não conseguiu! Ele tentava fazer amizade, mas recuou quando me viu de colete saindo do carro uma vez. Ele não sabia como os seus colegas... Eu omitia a minha profissão para te proteger, mas eu percebi que ele viu e virou as costas. As coisas estão ficando cada vez mais claras agora. Ele tentou nos separar também, amor!
– Não sou o seu amor e nem dele! – Gritei e o Diogo me segurou.
– Chega! – O Diogo rosnou.
– Que inferno! Só quero viver em paz! Será que é tão difícil de entender? – Gritei puxando os meus cabelos.
– Calma, amor. – O Diogo pediu me segurando.
– Não, D. Não dá! Eu te amo, D. Só você. – Disse olhando nos olhos dele.
– Eu sei, amor.
– Por que me perseguem assim? Não quero ninguém além de você, amor.
– Fica calma, amor.
– Sou seu amor, D. – Disse e o beijei, mas chorando muito.
– Cadê o Marcelo, Nando? – O Diogo perguntou.
– Ele já está chegando. – Ouvi o Nando falar.
– Meus filhos. Por que ele deixou fazerem isso? – Perguntei.
– Eles estão protegidos aqui, Bruna. Não vou deixar chegarem em vocês. – O Alexandre prometeu e o olhei.
– São só crianças... Não tem culpa da mãe...
– Para com isso! – O Diogo arfou e segurou o meu rosto.
– D...
– Não vou deixar você falar bobagem, B. Não vou. – Ele avisou e me abraçou.
– Está doendo, D...
– Senta aqui, amor. Tenta se acalmar. – O Diogo pediu e me sentou novamente no sofá me apoiando no seu peito.
– Bruna? – Ouvi me chamarem e reconheci o Marcelo.
– Aqui, Marcelo. – O Diogo chamou.
– Faz parar, Marcelo. – Pedi. O meu corpo todo doía, desde os pés até a cabeça.
– Fica calma. – Ele me pediu e tocou no meu rosto.
– Ela está com febre de novo como da outra vez. – O Diogo contou.
– Vamos tirá-la daqui, Diogo.
– Vem, amor. – Ele sussurrou e me pegou no colo.
– Ai. – Gemi de dor.
– Devagar, Diogo. – O Marcelo alertou enquanto ele caminhava comigo nos seus braços.
– Agora nós. – Ouvi o Nando falar, mas o Diogo apenas continuou subindo a escada.
– Meus bebês. – Sussurrei.
– Estão bem, Bruninha. Fica calma, amiga. – A Paty falou perto de mim.
– A Sabrina está com eles. Subimos na mesma hora. – O Adriano contou quando chegamos ao segundo andar.
O Diogo foi caminhando devagar, mas mesmo assim eu gemia de dor. Quando ele me deitou na cama foi o mesmo que me colocar sobre uma tábua. Ela parecia dura e desconfortável, mas eu sabia como ela era macia, não entendia. O Marcelo me aproximou e me tocou com cuidado, percebeu como eu estava sofrendo.
– Fica calma que vai passar. – O Marcelo garantiu e o Diogo se deitou ao meu lado.
– Estamos juntos, B. – O Diogo me prometeu.
– Olha as crianças, D. Vê se estão bem. – Pedi.
– Estão, amor. As meninas estão dormindo e o Thiago brincando na mesinha. Daqui a pouco ele vai te trazer desenhos lindos. – Ele dizia e acariciava os meus cabelos.
– Jura?
– Juro. Você sabia que a minha avó desenhava bem?
– Não.
– É a mãe da minha mãe. Por isso a dona Suzana tem todo esse bom gosto, herdou da minha avó. Ela gostava de decoração e de desenho. Foi ela que decorou a primeira casa deles e a fazenda também. – Ele contava enquanto me fazia carinho.
– A fazenda é linda. Quero ir à fazenda, D.
– Quando? É só você pedir que eu te levo.
– Logo. As meninas não conhecem a fazenda.
– Temos que plantar as árvores delas, não é? – Ele perguntou e beijou os meus cabelos.
– Estou cansada, D. – Sussurrei.
– Dorme, meu amor. Ficarei aqui juntinho. – Ele disse e beijou a minha testa.
– Ai. – Gemi quando senti uma dor no meu braço e olhei, era o Marcelo.
– Só para relaxar. – Ele me disse.
– Você sempre vindo me socorrer, não é? – Perguntei e voltei a chorar.
– Vocês são meus amigos.
– Estamos acabando com a sua vida amorosa. Aposto que você estava com alguém e teve que vir para cá.
– Acredite... Ela entende. – Ele disse com um sorriso no canto da boca.
– Você está apaixonado. – Observei e toquei no seu rosto.
– Quem sabe dessa vez acontece, não é? Mas agora vim para cuidar de você... De vocês.
– Meus bebês, Marcelo. – Disse chorando.
– Eles estão bem, amor. – O Diogo garantiu e acariciou os meus cabelos.
– Quero os meus bebês comigo. – Gemi e me encolhi.
O Diogo acabou cedendo e levou as crianças ao nosso quarto. As meninas estavam dormindo no colo das tias e ele chegou trazendo o Thiago. O meu filho estava todo suado e com as bochechas rosadas.
– O tio Adriano estava correndo com ele na varanda. – O Diogo contou.
– Mahmah. – O Thiago disse e o Diogo o colocou no chão.
– Mamãe te ama, sabia? – Perguntei e ele me deu um beijinho.
– Também quero. – O Diogo pediu quando se abaixou e o Thiago se jogou nos seus braços.
– Vem brincar com o tio? – O Adriano perguntou e o Thiago se jogou de novo.
– Eles estão bem, agora tenta descasar, amor. – O Diogo sussurrou.
– Te amo, meu príncipe. – Sussurrei e acariciei o seu rosto. O Diogo sorriu e beijou a minha mão.
Apaguei no segundo seguinte, mas não no fundo da minha mente. Na inconsciência foi ficando tudo mais claro. Me lembrei do que eu estava fazendo antes de toda aquela confusão e fiquei preocupada. O Gustavo e toda a sua equipe estavam lá para as fotos, não sabia até que ponto tinham escutado e entendido, mas imaginava que todos tinham presenciado a cena. As coisas se mesclavam o tempo todo.
Mesmo dormindo profundamente senti a hora em que o corpo do Diogo se colou no meu. Aquilo me deu um pouco de conforto. Ele estava comigo e eu lembrava claramente de ter visto os meus filhos antes de dormir. Aos poucos comecei a despertar e quando abri os meus olhos vi que tinham mudado a minha roupa. Eu estava com um pijama azul de seda que só usava quando estava menstruada. Ele era mais fechado e muito confortável. Quando olhei para a porta da varanda vi que era noite ou madrugada, o certo era que estava escuro. Tentei me levantar, mas o meu corpo doía muito, tive que ir aos poucos. Parecia que um trator tinha me atropelado e eu tinha sobrevivido. As minhas pernas pesavam muito e os meus músculos pareciam estar rígidos demais. No meu braço vi a mancha roxa onde o Marcelo aplicou a injeção. Normalmente eu não ficava roxa, mas talvez eu tivesse me mexido, não tinha certeza.
– Aonde você vai? – O Diogo me perguntou quando tentei levantar de novo.
– Te acordei? – Perguntei e ele sorriu.
– Não, mas aonde você vai?
– Só ao banheiro. – Contei e me levantei.
– Te ajudo. – Ele disse quando gemi de dor.
– Estou toda doída. – Resmunguei.
– Vem. – Ele disse e me pegou no colo.
– Tenho que dar mamar das meninas... Que horas são, D?
– Elas estão bem. – Ele apenas disse e beijou os meus cabelos.
Ele ficou me esperando e me levou de volta para a nossa cama. Não me deixou ficar fazendo perguntas, só me aconchegou no seu peito e me prometeu que as nossas filhas tinham mamado um leite do hospital como da outra vez. Ele ficou cantando no meu ouvido até que adormeci novamente. Daquela vez o sono pareceu mais reconfortante, talvez mais calmo.
– Você quer tomar café aqui ou descer? – O Diogo me perguntou quando entrou no quarto e eu estava me levantando da cama algumas horas depois.
– Descer, amor. – Disse quando fiquei de pé.
– Te ajudo a mudar de roupa.
– Você escolhe para mim?
– Escolho. Hoje você usará uma rosinha ou amarelo para ficar bem tranquila e linda para mim.
– Te amo. – Sussurrei e ele me beijou.
– Mais que tudo, amor.
– Me conte o que aconteceu... Estou meio confusa, D.
– Vamos tomar café primeiro. – Ele pediu e me passou uma bermuda e uma blusa.
– É tão ruim assim?
– Não. Só quero que você se alimente direitinho.
– Que horas são?
– Umas nove.
– Como as meninas estão mamando? – Perguntei e toquei nos meus seios.
– Não fique triste, amor. – Ele pediu quando viu escrito no meu rosto que eu tinha entendido.
– Secou, D... Secou o meu leite. – Gemi e chorei.
– Eu sei, amor. – Ele disse e me abraçou.
– Minhas meninas...
– O Doutor Sérgio esteve aqui à noite toda. Ele ainda está aqui.
– Elas...
– Estão bem. Ele só ficou para ver a reação ao novo leite, apenas isso. Ele dormiu no quarto de hóspedes e a Carla com as meninas. O Nando e a Paty também ficaram aqui no quarto dos seus pais, não quiseram ir. – Ele me contou enquanto eu soluçava.
– Estou tão triste, D. – Gemi forte.
– Eu também, meu amor.
Ele também chorava e eu não entendia exatamente até que ponto aquilo tudo tinha afetado a minha família.
– Por que você está chorando? O que você está me escondendo? – Perguntei e ele enxugou o rosto.
– Nada, meu amor. Nossos filhos estão bem, mas não suporto te ver sofrendo assim, B. Você chorou a noite inteira, só parou de madrugada. Também tenho medo pelas meninas e pelo Thiago. Sou o chefe da família, mas também sofro com essa pressão. Te ver gemendo de dor não foi fácil. – Ele falou baixo.
– Desculpe.
– Você não tem que pedir desculpa... Você sofreu muito, amor. Não merece isso. Você é uma pessoa tão legal com todo mundo, tão dedicada a nossa família...
– Estou tão confusa, D. – Sussurrei e o abracei.
– Eu também.
Ele me ajudou a mudar de roupa e a pentear os meus cabelos. Assim que me senti em condições de descer ele me ajudou, mas antes fui até o quarto das meninas e as vi dormindo tranquilamente. Pude ouvir a voz do Thiago no andar de baixo brincando no piano com o Adriano e a Sabrina. Tive que descer com a ajuda do Diogo, as minhas pernas pareciam que pesavam muito e doíam na mesma proporção.
– Olha a bela adormecida. – O Adriano brincou e tocou a marcha nupcial enquanto descíamos.
– Você é tão piadista quanto o seu irmão. – Disse com humor.
– Um sorriso. – O Nando observou quando se aproximou e me abraçou com cuidado.
– Soube que você abusou da minha hospitalidade. – Brinquei.
– Abusei. – Ele disse e me pegou no colo. – Como a minha irmãzinha está?
– Não sei te dizer ainda.
– Você e o meu irmãozinho vão comer direitinho. – Ele disse quando me colocou sentada na cadeira da sala de jantar.
– Vou tentar. – Murmurei e olhei para a comida.
– O que a Senhora quer beber? – A Maria me perguntou quando se sentou ao meu lado.
– Um chá... Só isso.
– O Nando foi com a Paty comprar aquele croissant que a Senhora gosta.
– Obrigado.
– Vou fazer o seu chá. – Ela disse e se levantou. – E para o meu menino, um cappuccino com direito a desenho e tudo.
– Obrigado, Maria. – O Diogo disse e se sentou ao meu lado.
– Olha quem veio falar com a mamãe. – A Sabrina contou ao entrar segurando o Thiago pela mão.
– Oi, meu amor. – Disse e tentei erguê-lo, mas não consegui. O Nando o colocou no seu colo e sentou do meu outro lado. – Vi que você estava brincando com o tio.
– Dihdiu. – Ele disse e bateu palminha.
– É, o titio. – Brinquei e acariciei o rostinho dele.
– Come, amor. Você precisa se alimentar. – O Diogo pediu e partiu um pedaço de croissant para mim. Ele estava muito triste também.
– Podemos conversar? Estão todos cheios de dedos...
– Depois que você comer tudinho. – O Nando me disse e a Paty entrou, ela foi logo o abraçando. A minha amiga estava cheia de olheiras.
– Por que a Paty está assim? – Perguntei.
– Ela ficou acordada demais, só isso. – O Nando contou e a beijou.
– Será que vocês podem ser mais sinceros comigo?
– Eu te disse que você chorou a noite toda, amor. Ela ficou lá no quarto comigo até você relaxar e apagar mesmo. – O Diogo me contou e a Paty chorou.
– Desculpe, amiga. – Pedi e a abracei.
– Não tem nada que se desculpar. Eu não podia ir dormir contigo daquele jeito. – Ela sussurrou e eu enxuguei as suas lágrimas.
– Secou meu leite. – Contei e chorei.
– Eu sei, amiga.
– Ele me fez secar o leite de novo, Paty. – Chorei mais nos braços dela.
– As meninas ficarão tão fortes quanto o Thiago. O Doutor Sérgio nos garantiu, Bruninha.
– Fica calma, amor. Por favor, Bruna. – O Diogo pediu e quando olhei, ele estava com a cabeça apoiada na mesa.
– Ele está se controlando muito. Não foi fácil para ele, amiga. – A Paty sussurrou no meu ouvido.
– Você quer geleia, D? – Perguntei ao enxugar as minhas lágrimas e me sentar ao seu lado.
– Não. – Ele sussurrou ainda de cabeça baixa e todos saíram nos deixando sozinhos.
– Te dou na boquinha. – Disse e beijei o seu braço.
– Te amo demais, Bruna. – Ele disse e me beijou.
– Também.
– Mais que a música.
– Mais que a mim mesma. – Sussurrei e ele me abraçou.
– Me faz carinho?
– Faço. – Disse e acariciei os seus cabelos.
– Gostoso.
– Vamos tomar o nosso café? – Perguntei e ele assentiu.
A Maria levou o meu chá e o cappuccino dele pouco tempo depois, mas não ficou. Preparei o seu pão e ele o meu, cortei os cubinhos de presunto e de melão para ele, o Diogo picou os meus morangos como fazíamos todos os dias. Isso tudo acontecia em completo silêncio, apenas nos olhávamos. Foi difícil colocar alguma coisa para dentro e muito mais manter. Até mastigar doía, engolir era pior. O Diogo também não demonstrava muita vontade, aliás, não havia ânimo nenhum nele.
– Podemos conversar agora? – Perguntei quando voltei para a sala e me sentei no sofá.
– Podemos. – O Diogo disse e assentiu para o Nando que o olhava.
– Vou chamar o Doutor Sérgio. – A Paty avisou e subiu.
Quando ela desceu trouxe consigo o médico e a Carla que pegou o Thiago e o levou dizendo que estava na hora de brincar de parquinho. Um por um todos foram se sentando, inclusive o Henrique que tinha chegado e eu nem tinha visto. Talvez ele estivesse em outro cômodo, eu não sabia.
– Vamos do começo, mamãe. – O Doutor Sérgio disse ao se sentar a minha frente.
– Meu leite secou, já percebi. – Comentei e ele assentiu.
– Era esperado depois do estresse que você teve. O Marcelo me chamou para cuidar das gêmeas e do Thiago que ficaram bem assustados com tudo que aconteceu. Elas já estavam querendo mamar e você não podia. A Fabi buscou o leite artificial que indiquei e começamos a administrar na mesma hora. Elas reagiram muito bem e dormiram bastante.
– Que bom.
– Sei que é frustrante. Lembro muito bem como foi da outra vez quando aconteceu com o Thiago. Você se orgulhava de amamentá-lo como se orgulhava de amamentar as meninas, mas quero que você tenha a total e plena certeza de que o que você fez até agora foi mais que suficiente para criar o vínculo e alimentá-las no período mais crítico. Elas nasceram antes do que prevíamos, mas reagiram muito melhor que eu esperava. Estão com pesos ótimos, demonstram todos os reflexos e respondem a todos os estímulos. Você cuidou muito bem delas e não precisa se preocupar em nada com o fato de não poder amamentá-las mais.
– Tem certeza, Doutor?
– Tenho. Elas estão ótimas, Bruna. Você agora tem que cuidar de si mesma e do papai aí. As crianças estão ótimas. Elas até irão espaçar mais as mamadas e vocês poderão dormir mais a noite.
– Preferia noites em claro. – Resmunguei.
– Eu sei.
– Mas se elas estão bem, é o que importa.


(...)