Caminhos

Leia aqui mesmo as 10 primeiras páginas do quarto volume da Série. 
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Nesse trecho da estória, B e D se vêem cercados pelo amor e apoio da sua família e amigos, mas mesmo assim a aproximação do julgamento do Maurício assombra e atormenta.
Eles tentam voltar a rotina, mas é difícil.
Novamente a culpa assola a mente de B.
Novamente a culpa por achar que um dia agiu como um fraco maltrata a mente do Diogo.
Os "se" atormentam.
Juntos, eles, a família e os amigos, superam obstáculos, dores, medo e angústias.
Escrito de uma forma coloquial, informal e popular, a Série Destino é como um diário. Você se sentirá inserido na estória. Verá como a Bruna e o Diogo são pessoas comuns e simples, como você. Sofrem, amam e choram. Espero que você goste.
Seja bem vindo a mais esse trecho da Série Destino.

Olá.


Mais uma vez, conto uma parte da minha vida com o D.
Nessa parte da nossa estória, passamos por muitas provações, quase desviamos os nossos caminhos, quase nos perdemos no meio da estrada.
A dor, a culpa e a angústia me dominavam de uma forma muito intensa, mas mais uma vez ele foi a minha alça de salvação.
Ele também teve os seus momentos e foi em mim que ele encontrou um motivo para continuar.
Enfrentamos a dor da dúvida, a angústia do não saber se as coisas aconteceriam como prevíamos, e muito menos o que faríamos depois. A sensação de você estar com o seu futuro sempre no fio da navalha, sabendo que ele seria garantido do jeito que você planejou dependendo de pormenores é horrível, mas estávamos juntos.
Mesmo nos momentos em que eu tinha a certeza de que sem mim ele estaria melhor, ele não me deixou ir.
Mesmo nos momentos em que eu perdia do senso do que era certo e errado, ele estava lá.
Mais uma vez sentimos juntos como a nossa família e os nossos verdadeiros amigos faziam parte de nós e como o sol nascer de novo fazia toda diferença.
Espero que você goste dessa parte da nossa estória.

Beijos.
Bruna Vasconcelos D´Angelo.



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A nossa vida tinha realmente entrado nos eixos, tudo tinha voltado a ser como antes. Aquele show foi um início, ou melhor, um retorno em grande estilo. Meu D estava bem e feliz comigo novamente, era o que me importava, mas pelo jeito a muitas outras pessoas também.
– Show, galera! Show! – Henrique falava sem parar quando o show terminou e nos reunimos no camarim do Diogo. – Cara! Estou que não me aguento.
– Estou vendo. – Disse sorrindo.
– Eu te amo, B! – Ele disse e beijou a minha mão, depois abraçou e beijou o rosto do Diogo, fazendo todo mundo rir. – Você é a musa inspiradora desse cara e eu devia beijar os seus pés, gata!
– Não exagera, Henrique. – Ri ao dizer enquanto ele abraçava forte o Diogo e vi que ele chorava.
– Cara! Você... Eu te amo, meu amigo! – O Henrique falou emocionado. – Não sei o que eu faria sem isso aqui!
– O que ele bebeu? – O Diogo perguntou brincando.
– Cara! Você é o meu diamante bruto, a semente de tudo o que eu possuo nessa vida. Tudo o que eu tenho, tudo eu devo a você! Como não ficar eufórico com um show como esse? E Paty? Que show que você deu, garota! Arrasou! Aposto que vai chover pedidos de nova iluminação, mas vou logo avisando, os meus serão os primeiros.
– Viu, amor. Gostaram. – A Paty disse e abraçou o Nando.
– Você é dez, gata. – O Nando disse e a beijou.
– Como não gostar? – O Diogo disse e gesticulou. – Cara! Os lasers traçando sobre a platéia no ritmo da bateria foram demais. Do palco dava para ver. E os canhões? Show, Paty. Show!
– Bem mais divertido que o seu emprego anterior, amiga. – Disse e o bebê chutou.
– O que foi? – O Diogo me perguntou urgente quando coloquei a mão na minha barriga.
– Nada, amor. – Disse acariciando o rosto dele quando me sentei. – Só chutaram.
– Acho melhor irmos para casa. – Ele me disse preocupado. – Você já ficou exposta demais, Bruna.
– Te amo. Adorei cantar contigo. – Sussurrei.
– Foi tão lindo, gente. – A Paty disse ao sentar ao meu lado. – As pessoas choravam em volta da gente, Bruninha. Estavam todos emocionados.
– Até as meninas da equipe choraram. – O Henrique contou. – Foi um show com altos e baixos. As pessoas sorriam e choravam o tempo todo, e está tudo gravado.
– Falar nisso. – O Diogo disse ao se levantar.
– Não se preocupe. – O Henrique falou o cortando e tocando no seu ombro. – As mensagens da família e principalmente do Thiago não estarão no DVD, só dos artistas. Eu não sou louco de expor o seu filho sem consultar vocês, foi uma surpresa somente para hoje.
– Melhor.
– Mesmo que alguém tenha conseguido gravar com uma câmera de celular por exemplo, não conseguirá uma imagem boa. Além de que foi bem rápido.
– Obrigado, Henrique. – Disse quando o Diogo me olhou mais tranquilo.
– Eu só não poderia deixar passar. – Ele disse rindo. – Como foi complicado gravar sem vocês saberem, cara!
– Então vocês não foram ao shopping! – Acusei com humor ao olhar para os meus sogros e os meus cunhados. Eles apenas sorriram.
– Essa é uma família talentosa. – A cantora que dividiu o palco com o Diogo comentou.
– É verdade. – Minha sogra disse orgulhosa. – O Diogo, a Bruna, a Sabrina e o Adriano na música, o meu Nando na segurança e a nossa Paty na iluminação e som? Quer mais o que? Aposto que não existe no mundo mãe mais orgulhosa que eu.
– Pronto! – Meu sogro disse quando ela chorou e o abraçou.
– Vai abrir a comporta. – O Diogo disse quando viu eu e a Paty, enxugando nossos rostos.
– Hoje eu posso. – Minha sogra disse e o abraçou. – Agora tudo acabou, filho. Você agora pode voltar a fazer o que gosta que é cantar para a sua B e trabalhar com as pessoas que ama e confia, com os seus irmãos e os seus amigos. E a mamãe vai ter muito mais orgulho de todos vocês.
Aquele foi um dia marcante na minha vida. O D estava muito feliz em voltar ao palco, eu orgulhosa do meu marido e dos meus cunhados, incluindo o Nando e a Paty, claro. Eles foram incríveis. Os convidados do Diogo se despediram cerca de meia hora depois do show ter sido oficialmente encerrado e os funcionários começarem a desmontar o equipamento, ou seja, já era mais de duas da madrugada.
– Houve algum incidente, Nando? – Meu sogro perguntou quando ficamos somente a família no camarim.
– Nada preocupante. – O Nando disse dando de ombros e fiquei preocupada. – Só fãs, Bruna. Fica tranquila.
– Mas o que aconteceu? – Questionei.
– Desmaios... Essas coisas que você já cansou de ver nos shows, Bruna. – Ele disse tranquilamente e riu. – Mas o engraçado foi os outros seguranças contando que tinham caras desmaiando também.
– Sério? – O Diogo perguntou e riu muito como há muito eu não via. – Aí, amor.
– O que eu tenho com isso? Me tira dessa. – Arfei com humor.
– Tá bom... Não é por mim que desmaiaram. – Ele disse ao me agarrar e me beijar. – Te amo.
– Lindo. – Sussurrei acariciando o rosto dele.
– Pronto. Já esqueceram da gente. – O Adriano brincou e se sentou entre a gente, fazendo todos rirem. – E aí? Vocês viram o show?
– Cai fora. – O Diogo brincou com o irmão.
Fazia muito tempo que eu não sentia aquele clima tão gostoso, muito menos via nos olhos do D uma certa paz e felicidade. O Nando foi conferir com a equipe de segurança se estava tudo bem e acompanhou a Paty que queria ver se todo o equipamento estava sendo bem cuidado. O D achou melhor irmos para casa, já estava muito tarde e eu precisava descansar. A minha mãe me ligou avisando que estava tudo bem lá e que eles já estavam no quarto, mas com a babá eletrônica ligada. O Thiago ficou tranquilo e dormiu só um pouco depois do seu horário habitual.
Mesmo sendo tão tarde, mais de três horas da madrugada, quando saímos do estádio ainda tinham fãs nos aguardando. Fiquei preocupada, mas nem tive tempo de reclamar, o Nando tinha dado ordens expressas de que todos os carros nos dessem cobertura e segurança até em casa. Durante o caminho eu fiquei super preocupada, era tarde demais naquela cidade grande.
– Relaxa. – Diogo sussurrou no meu ouvido quando pegamos a via expressa.
– Fico sempre nervosa quando saímos tão tarde. – Sussurrei.
– Te amo. – Ele gemeu no meu ouvido me fazendo arrepiar. – Com frio?
– Não.
– Linda. – Ele disse e me beijou.
– Alow! Tem gente aqui. – A Sabrina brincou, nos tirando da nossa bolha.
– Desculpe. – Sussurrei sem graça e o Nando riu muito. – Para, menino.
– Não sei como alguém pode ficar tão vermelha assim. – O Nando brincou mais enquanto eu escondia o meu rosto no peito do Diogo. – Isso é muito engraçado, Bruna. Fala sério!
– O que faremos amanhã? Quer dizer, hoje? – Perguntei tentando mudar de assunto e todos riram mais.
– Dormir. – A minha sogra disse e todos rimos.
– E depois de acordar?
– O que você quer fazer? – O Diogo me perguntou e me aconchegou nele acariciando a minha barriga.
– Queria almoçar fora. – Disse animada. – E passear na praia de tardinha.
– Sonha! – O Nando disse e o olhei. – Não vou te deixar passear na praia com essa barriga um dia depois desse show monumental, irmãzinha. Pode mudar os planos.
– Mas...
– Ele tem razão, amor. – O Diogo disse e senti a seriedade na sua voz. – Muito arriscado.
– Queria ir ao shopping. – Sussurrei.
– Tá... Vamos almoçar e depois ao shopping. – O Nando disse muito a contra gosto depois que o Diogo assentiu. – Ele abre as três e chegamos com ele abrindo. Vou mandar um torpedo para o Carlão e agito tudo.
– Obrigado. – Disse animada e apertei os braços do Diogo no meu corpo. – Só quero um pouco de normalidade.
– Impossível, Bruna. – O Adriano disse. – Você tem noção de quantas pessoas te ouviram cantar hoje?
– Não e nem quero. – Avisei. – Se eu parar para pensar nisso, nunca mais subo num palco. Só faço por que é pelo seu irmão, senão nem pensar.
Ficamos conversando casualmente enquanto a limusine seguia pela via expressa. Tínhamos mais outros carros nos dando cobertura, mas o Nando estava sempre atento até que o trânsito começou a ficar mais intenso, a velocidade foi diminuindo, até que infelizmente paramos.
– Por que paramos? – Meu sogro perguntou. Quando olhei pela janela escura vi que estávamos quase saindo da via expressa.
– Nando? – O Diogo chamou.
– Fiquem aqui. – O Nando pediu sério e beijou a Paty. – Te amo. Fique aqui, entendeu?
– Aonde você vai? – Ela perguntou aflita.
– Apenas me certificar de que está tudo bem. – Ele disse, mas abriu o paletó. Só naquela hora que vi a arma dele e pela primeira vez.
– Tome cuidado. – Ela pediu e ele a beijou.
– Nando! – Chamei aflita.
– Está tudo bem, só vou me certificar e volto logo. – Ele me disse e assentiu para o Diogo.
Fiquei muito preocupada durante o tempo que o Nando esteve fora do carro e piorou mais ainda quando vi dois homens de terno parados na lateral da limusine com as armas em punho um minuto depois. Como estávamos quase saindo da via expressa depois de sair do túnel, era possível ver o movimento na pista de subida que seguia na outra direção e não gostei nada de ver carros da polícia seguindo na contra mão.
– Fique calma, amor. Os bebês estão agitados. – O Diogo pediu e acariciou a minha barriga.
– Como? Onde está... O Nando está demorando, D. – Resmunguei e vi a aflição na Paty também.
– Confio no meu Nando, Bruninha. – Ela me disse, mas com a voz trêmula.
– Já vi o Nando em ação, Bruna. Fica tranquila que ele é muito bom no que faz. – O meu sogro disse e arfei.
– Isso foi pra me tranquilizar? – Perguntei mais nervosa.
– Se não confiássemos ela estaria tão tranquila assim? – Meu sogro perguntou e indicou a minha sogra que apenas olhava pela janela.
– Como dizem... Meu filho é o cara. – Minha sogra disse fazendo todos rirem, menos eu, claro. – Fica calma, filha. Daqui a pouco ele volta e vamos para casa.
– Está tão tarde. – Sussurrei e o Diogo me abraçou mais.
– Estamos todos juntos.
– Não, falta o Nando. – Corrigi e o celular do Diogo vibrou.
– Fala. – Ele disse ao atender. – Sei... Tudo bem... O que você acha? Está nervosa, claro.
– É o Nando? – Arfei e ele assentiu.
– Tá... Quanto tempo?... Tudo bem... Dá um pulo aqui para tranquilizar as suas duas protetoras... Falou. – O Diogo disse e desligou
– O que foi? – Perguntei aflita.
– Um acidente na entrada da barra. – O Diogo nos contou.
– E porque os rapazes do Carlos estão cercando o carro? – Questionei.
– Alguém perguntou por mim? – O Nando perguntou ao abrir a porta da limusine.
– Nando! – Arfei. – Fica aqui com a gente.
– Estou tentando agilizar as coisas para liberarem a nossa passagem, Bruna. Mandei os caras ficarem aqui por ser uma área mais tensa, mas fiquem tranquilos. Daqui a pouco seguimos, está bem? – Ele garantiu e beijou a Paty. – Está tudo bem, amor. Fica calma, tá?
– Por que os carros de polícia na contra mão? – A Paty perguntou aflita.
– Eles vieram da cabine na saída para a Freguesia. Estão dando cobertura já que viram a limusine e os carros de escolta. – O Nando garantiu. – Eu disse que estava com tudo sob controle. Eles sabiam que passaríamos por aqui e estão fazendo o seu trabalho, estou só colaborando. O Danilo agitou tudo.
– Não disse que o meu filho é o cara. – Minha sogra disse casualmente.
– Cuidado, Nando. – Pedi aflita.
– Não se preocupe. A limusine é blindada. – Ele disse sorrindo para mim.
– Mas você não e nem os outros rapazes.
– Não vai acontecer nada. – Ele me garantiu. – Cuide das minhas sobrinhas.
– Sobrinhos. – O Adriano corrigiu. – Eu aposto que são meninos.
– Sobrinhas. – A Sabrina disse. – Concordo com o Nando.
– Quer valer uma aposta? – O Adriano desafiou e eles apertaram as mãos.
– Vou nessa. – O Nando disse e olhou para o Diogo. – Acredito que mais uns dez minutos, já estou ouvindo a sirene dos bombeiros.
– Nossa. Foi tão grave assim? – Perguntei quando ele saiu.
– Pronto! Agora você vai ficar preocupada com o acidente também? – O Diogo me perguntou sarcasticamente. – Estamos juntos aqui e vamos nos concentrar no aqui.
– Não consigo evitar. – Disse e senti uma dor no peito. – Lembro bem o que foi receber a notícia em casa.
O Diogo me abraçou forte naquele momento. Ficamos todos em silêncio enquanto ele acariciava a minha barriga e os meus cabelos quando deitei a minha cabeça no seu ombro. Tentei pensar em outras coisas para que eu não ficasse mais nervosa e agitasse os meus bebês. Pouco mais de dez minutos depois os rapazes que estavam na lateral da limusine voltaram para os seus carros, o Nando voltou, e seguimos para casa.
– Mais calma agora? – O Diogo me perguntou quando entramos no quarto do Thiago.
– Muito mais. – Sussurrei e acariciei os cabelos do meu filho. – Estava com saudades dele.
– Também. – Ele disse e me beijou. – Vem mudar de roupa, já é tarde e você precisa descansar.
Mudei de roupa e fiquei apenas esperando que ele checasse toda a casa, se certificasse de que tudo estava trancado e os alarmes acionados. Quando voltou, mudou de roupa.
– Vem dançar comigo. – Ele pediu ao estender a mão para mim.
– Dançar?
– É. Quero ouvir você cantar só para mim. – Ele sussurrou e ligou o som. – Canta só para mim.
Ficamos lá, dançando no nosso quarto, no nosso canto, no nosso lugar favorito. Cantei para ele enquanto dançávamos. Ele acariciava os meus cabelos e me fazia carinhos o tempo todo.
– Linda. – Ele sussurrou. – Amo a sua voz. Amo os seus lábios.
– Te amo.
– Posso te pedir uma coisa? – Ele me perguntou enquanto acariciava a lateral do meu rosto.
– O que você quiser, amor.
– Tenta não pensar mais no acidente? Estamos juntos agora. Eu sei muito bem como foi difícil para você por que também já senti aquilo quando bateram no seu carro em Guapimirim, mas estamos juntos agora e é isso que me importa, só isso.
– Vou tentar, amor. Prometo que vou tentar.
– Essa noite, esse show, foi maravilhoso para mim. – Ele disse e sorriu do jeito que eu adorava.
– Estavam todos felizes que você estava de volta.
– Mas eu estava feliz porque estava cantando para você, gata. Para você e com você. – Ele disse e me beijou. – Nada mais me importa nessa vida que a minha mulher e os meus filhos.
– Os bebês se comportaram bem. – Disse quando ele beijou a minha barriga. – Já estão se acostumando como o Thiago.
– Você vai cantar comigo nos shows de retorno? – Ele perguntou enquanto acariciava os meus cabelos. – Você é tão linda, gata. A minha mulher é tão linda.
– Sou só sua, D. E vou cantar para você nos shows de retorno se isso te faz feliz.
– Me faz, B. Você me faz feliz. – Ele disse e me beijou.
– Adoro quando você fala assim para mim.
– Vamos tomar um banho.
A noite não poderia acabar diferente, conosco juntos sob o chuveiro de águas mornas e cristalinas no meio da madrugada.
– Estou feliz, D. – Sussurrei no banho. – Feliz que tenha dado tudo certo no show.
– Também, meu amor. Não se esquece de tomar o remédio para o enjoo. – Ele me lembrou e eu assenti. – Agora vamos. Temos de dormir pelos menos um pouco até o Thiago acordar.
– Aposto que a minha mãe vai querer cuidar dele e me mandar de volta para cama.
– Então vou deixar a porta dele destrancada e a passagem para a nossa aberta.
– Melhor. Ela levou a babá eletrônica para o quarto e precisamos ouvi-lo. – Disse quando ele fechou a ducha.
Conseguimos dormir por longas duas horas e meia. Antes de dormir percebi que já eram quase cinco da manhã e o Thiago não demoraria a despertar. Graças ao leite artificial ele já dormia uma noite inteira. Mamava no máximo as onze e despertava por volta das sete da manhã. Como eu previa, a minha mãe acordou cedo e quando eu despertei com o choro do Thiago ela já estava lá. Me mandou de volta para cama e eu nem tive forças para discutir. O Diogo nem se levantou e quando eu me deitei ele me abraçou e sussurrou que me amava. A minha mãe encostou a porta de passagem do nosso quarto para o do Thiago e pudemos dormir por mais algumas horas.
– Bom dia. – Disse quando cheguei à sala de jantar e os outros estavam tomando café da manhã às onze e meia. – Pelo visto todo mundo tirou o atraso do sono.
– Nem todos. Cadê o Diogo? – Minha sogra perguntou.
– Já vai descer.
– Fiz tudo que a senhora gosta, dona Bruna. – A Maria me disse. – E a sua mãe preparou ontem aquela canjica.
– Hum, eu quero. – Disse com água na boca.
– Vou buscar. – Ela disse sorrindo e foi para a cozinha.
– Será bom para repor as energias. – Meu sogro disse.
– Bom dia. – O Diogo disse ao entrar e me beijou. – Te amo.
– Já começaram? – O Adriano perguntou com humor. – Acho que eu preciso arrumar uma namorada... E urgentemente.  
– É, concordo. Porque com essa você não tem chances. Aposto que a B tem umas amigas na idade de vocês.
– Mas ele fica mais nos Estados Unidos que aqui, amor. – Disse.
– Não seja por isso. Estamos quase terminando os nossos estudos. – O Adriano disse animado e olhou para a Sabrina. – E acho que voltaremos de vez no meio do ano que vem.
– Meus filhos de volta? – Minha sogra arfou feliz.
– Era uma surpresa, linguarudo. – A Sabrina resmungou.
– Xi. – Meu sogro murmurou e todos olhamos para ele. – Vamos ter que nos mudar, amor.
– Por quê? – Minha sogra perguntou.
– Lembra que a senhora os despejou para um quarto só? O deles é do Thiago e dos gêmeos agora.
– É mesmo. – Minha sogra sussurrou.
– Nem se preocupem com isso, mãe. Estamos pensando em morar no Rio. – A Sabrina comentou. – Nós achamos que aqui seria legal. E estamos pensando em nos lançar juntos na música, uma dupla.
– Show! O Henrique vai querer lançar vocês. – O Diogo disse.
– E tem empresário melhor nesse país, Diogo? – O Adriano perguntou. – O cara é dez e como é seu amigo podemos confiar que não vai nos dar uma volta.
Ficamos conversando e planejando a carreira deles. O Diogo disse que poderia colaborar com algumas letras e que eles iriam estar sempre um no álbum do outro. Faria questão deles nos seus shows às vezes e os dois também o fizeram prometer que participaria também. Começaram a tentar me convencer a cantar uma música com a Sabrina, mas eu tirei o meu corpo fora. Disse que só cantava com o meu D, o que fez os meus cunhadinhos recomeçarem com as brincadeiras. A minha sogra ficava muito calada, mas não demorou muito a fazer o papel de mãe presente.
– Mas vão morar onde? – Minha sogra perguntou.
– Aqui, ora. – Garanti.
– Não precisa, Bruna. – A Sabrina disse meio urgente e olhou para o Adriano. – Compramos um apartamento e dividimos como em Nova Iorque.
– Não estou gostando disso. – O Diogo disse e olhou para os irmãos, depois para os seus pais. – Vocês ficarão aqui por uns tempos.
– Concordo. – Meu sogro disse.
– O que foi? – Perguntei.
– Quem é o cara? – O Diogo perguntou firme a Sabrina.
– Que cara, Diogo? – Ela arfou e tomou um suco.
– Fala logo, menina. – Meu sogro disse e olhou para o Adriano. – Você está acobertando ou tem uma garota na história e vocês estão mancomunados? Querem que eu corte tudo e os force a ficar agora de vez?
– Quem é Sabrina? – O Diogo perguntou novamente. – Esqueceu que conheço muita gente por lá? Um telefonema e o Steve conta tudo.
– O Alan. – Ela contou.
– Como é? Você está louca? – O Diogo arfou e se levantou. – Aquele cara é um canalha, Sabrina. Só se mete em confusão.
– Aquele Alan? – Perguntei ao D.
– Você o conhece, Bruna? – A Sabrina me perguntou e fiquei calada.
– Ele deu em cima da B e da Paty quando estivemos lá, irmãzinha. – O Diogo contou e ela arregalou os olhos, depois o D olhou para o Adriano. – Você vai ficar na tua, Adriano.
– Qual é, cara! – O Adriano reclamou.
– É só o que me faltava. – Meu sogro resmungou. – E nem posso sair do país agora com a proximidade do processo.
– Não precisa, pai. Sou maior de idade, tá? – A Sabrina resmungou.
– Você é uma criança, só tem vinte quatro anos.
– A Bruna tem vinte cinco.
– Mas ela é responsável, trabalhava fora e se sustentava. É mãe!
– Está me chamando de mimada?
– Calma, gente. – Pedi. – Há quanto tempo vocês estão juntos, Sabrina?
– Seis meses. – Ela contou.
– Esse cara só se mete em roubada, eu o conheço muito bem. – O Diogo resmungou quando se sentou a meu pedido.
– Peraí! – Minha sogra arfou. – Ele era um dos que... Ele estava naquele rolo do banho no rio congelado! – Ela disse com raiva e olhou para a Sabrina que olhava espantada. – Ele quase matou o seu irmão, sua inconsequente!
– Ele? Não, mãe. – A Sabrina arfou e olhou para o Diogo que assentiu. Ela começou a chorar e o Adriano a abraçou – Eu não sabia. Não sabia, pai.
– Não sabíamos, mãe. – O Adriano disse quando a mãe levou às mãos a cabeça.